
Internacionalização do Festival de Cinema de Gramado: a importância do evento no fortalecimento do audiovisual brasileiro
Nesta semana, Gramado está ganhando destaque com o
mais antigo festival de cinema ininterrupto do Brasil: o
53º Festival de Cinema de Gramado. Em virtude deste grande evento, o
Blog Gramado Oficial traz com
exclusividade
uma
entrevista especial com o jornalista e crítico Marcos Santuario, curador do Festival desde 2012. Na conversa, Santuario reflete sobre o papel estratégico da
internacionalização do Festival, os avanços conquistados ao longo das últimas décadas e os novos caminhos que buscam colocar Gramado como peça importante no cenário audiovisual internacional.
Quer saber mais? Então vem com o Blog Gramado Oficial, que vamos te contar tudo neste artigo!
Como a internacionalização com produções ibero-americanas transformou o Festival de Cinema de Gramado
Desde a sua primeira edição realizada em 1973, o Festival de Cinema de Gramado consolidou-se como vitrine do audiovisual brasileiro. Entre os artistas nacionais já premiados com o Kikito estão nomes conhecidos do público como Othon Bastos, José Wilker, Sônia Braga, Lucélia Santos, Fernanda Torres, Marieta Severo, Hugo Carvana e Marília Pêra.
Com o Programa Nacional de Desestatização, em 1990, o governo federal encerrou as atividades da Embrafilme, estatal criada em 1969 que, por mais de duas décadas, foi responsável pelo financiamento, produção e distribuição do cinema brasileiro. Dois anos depois, o Festival de Cinema de Gramado encontrou na internacionalização um novo caminho para seguir adiante. Naquele ano,
pela primeira vez, a mostra competitiva recebeu obras ibero-americanas, oriundas de países de língua portuguesa e espanhola. O prêmio máximo, o Kikito de Melhor Filme, foi conquistado pelo longa colombiano Técnicas de Duelo, de Sergio Cabrera.

Nos anos seguintes, longas e curtas da Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile, Cuba, México, Portugal, Espanha, entre outros, ocuparam espaço nas mostras competitivas, transformando Gramado em palco de diálogo entre cinematografias latino-americanas. Na visão de Santuario, essa abertura foi vital, “naquele momento, sem as produções brasileiras, Gramado se reinventou para continuar existindo, abrindo espaço para o mercado ibero-americano”, comenta.
No âmbito internacional, o festival já teve a consagração de grandes nomes do cinema ibero-americano, entre eles os espanhóis Pedro Almodóvar, Javier Bardem e Marisa Paredes, além dos argentinos Juan José Campanella e Norma Aleandro.

A presença de curadores estrangeiros marcou etapas importantes desse processo. A atriz, cineasta, diretora e produtora argentina Eva Piwowarski, que morreu em 2019, foi a primeira curadora internacional do Festival, atuando entre 2014 e 2018. Em seguida, a também argentina Soledad Villamil, atriz e cantora reconhecida por obras como O Segredo dos Seus Olhos (2009), integrou a curadoria entre 2020 e 2023.
A partir da 51ª edição, as mostras competitivas passaram a se concentrar em filmes brasileiros: longas-metragens nacionais, documentários e produções gaúchas, além de curtas brasileiros e gaúchos. A internacionalização, no entanto, continuou presente em outras frentes, seja em mostras paralelas, em parcerias ou na circulação do Festival em circuitos internacionais.
E a lição aprendida em 1992 segue atual: a internacionalização não foi apenas um gesto de expansão, mas um movimento de sobrevivência e consolidação do Festival no cenário cultural. Como resume Santuario: “precisamos estar atentos às políticas culturais nacionais e internacionais que viabilizam o cinema. Gramado soube se adaptar e, justamente por isso, segue relevante no Brasil e no exterior”.
A contribuição de curadores estrangeiros para a internacionalização do Festival de Cinema de Gramado
A presença de curadores internacionais foi um dos marcos do processo de internacionalização do Festival de Gramado. Segundo Santuario, essa participação teve um impacto múltiplo: “há uma questão midiática, uma ligada ao conhecimento desse universo cinematográfico e, também, uma de promover aproximação”. A atuação de nomes como Eva Piwowarski e Soledad Villamil contribuiu para aproximar ainda mais o festival da Argentina e de outros países latino-americanos, ampliando o intercâmbio de produções e fortalecendo a percepção externa sobre Gramado.

Na avaliação do jornalista, a diversidade dentro da curadoria transmite uma mensagem clara ao mundo: "quando temos uma curadoria tão diversa, o festival mostra que está aberto à diversidade”. Essa multiplicidade de vozes não apenas legitima o evento no cenário internacional, como também reafirma seu papel de ponte cultural, conectando diferentes cinematografias e enriquecendo o diálogo entre o cinema brasileiro e latino-americano.
Na 53ª edição, a curadoria é formada por Marcos Santuario, ao lado dos atores Caio Blat e Camila Morgado, reforçando o caráter de diversidade de olhares e experiências do Festival.
Conexões Gramado Film Market: a plataforma de negócios que amplia a internacionalização do audiovisual brasileiro
Em paralelo à programação do Festival de Cinema de Gramado, o Conexões Gramado Film Market surgiu para ampliar o alcance do evento e criar um espaço de trocas, experimentações e reinvenções do campo audiovisual. Em sua nona edição, reafirma esse propósito e se consolida como uma plataforma de internacionalização e de fortalecimento do ecossistema audiovisual brasileiro, indo além das tradicionais rodadas de negócios, mostras e debates.

Para Santuario, esse é justamente o diferencial: “hoje, o universo audiovisual é mundializado. Você não faz mais uma produção apenas para o seu bairro, cidade ou país. Tudo o que é criado já nasce com o desejo de circular cada vez mais globalmente”.
Esse olhar internacional permeia todas as ações do Conexões, que reúne players nacionais e estrangeiros em busca de novas parcerias e oportunidades. “Todos que vêm para um espaço como o Gramado Film Market trazem esse propósito: ampliar seus negócios e sua capacitação para alcançar mercados cada vez maiores”, completa Santuario.
Assim, iniciativas como a
Mostra de Filmes Universitários, a Mostra de Realidade Virtual, a Mostra de Filmes Gerados por IA e os debates sobre inovação, políticas públicas e internacionalização formam um mosaico que vai além do festival:
projetam Gramado como um hub criativo e estratégico do audiovisual na América Latina.
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Estratégias de lançamento: o caminho dos filmes brasileiros nos festivais internacionais e seu impacto no Festival de Cinema de Gramado
Assim como a internacionalização tem garantido projeção ao Festival de Gramado, o percurso dos filmes até o público também depende de escolhas estratégicas. Mais do que qualidade artística, o caminho que um filme percorre até chegar ao público é decisivo para seu sucesso. Para o curador Marcos Santuario, esse é um ponto essencial: “existem profissionais que pensam especificamente nisso dentro das equipes de cinema. Eles avaliam qual será o melhor caminho para a carreira de cada filme”.
Segundo ele, a maioria dos grandes produtores brasileiros aposta em conquistar visibilidade no exterior antes de buscar o reconhecimento interno. Essa estratégia foi determinante para obras que passaram por festivais como Veneza e depois chegaram ao Festival de Gramado, caso dos filmes de Kleber Mendonça Filho, que abriram o evento nos últimos anos após já terem sido premiados em Veneza e até mesmo em Cannes.

O mesmo ocorreu com O Último Azul, vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim, dirigido por Gabriel Mascaro e estrelado por Rodrigo Santoro, que também abriu a programação de Gramado. Já Ainda Estou Aqui projetou-se internacionalmente em Veneza, pavimentando o caminho que resultaria em grandes conquistas: o Globo de Ouro de Melhor Atriz para Fernanda Torres e o Oscar de Melhor Filme Internacional. Além disso, a indicação de Fernanda ao Oscar de Melhor Atriz colocou a sua carreira em um novo patamar, transformando-a em uma artista reconhecida e admirada mundialmente.
Como ressalta o curador, essas são escolhas estratégicas, pensadas tanto para a circulação internacional e negociações de mercado quanto para consolidar a visibilidade das produções no Brasil.
O desafio cultural de conquistar o público brasileiro para o cinema nacional
Se o Festival de Gramado se firma como vitrine da produção nacional, o desafio seguinte está no comportamento do público. A forma como o público consome cinema é um reflexo direto da cultura em que está inserido. No Brasil, blockbusters norte-americanos conseguem mobilizar milhões de espectadores antes mesmo da estreia. Isso se deve não apenas ao tamanho da indústria, mas também a estratégias massivas de marketing e ao papel dos algoritmos, que intensificam a visibilidade dessas obras nas redes sociais e plataformas digitais.
Na visão de Santuario, trata-se de uma questão cultural profundamente enraizada: “existe uma cultura de consumo das produções norte-americanas. Muitas vezes, essa indústria nem recria de fato; apenas reaproveita dramatizações e narrativas para atrair os fãs”.
Por outro lado, o crítico ressalta que o cinema brasileiro tem qualidade e criatividade suficientes para conquistar o público. O desafio está em formar esse olhar. “o que o Brasil precisa fazer, e está fazendo de alguma maneira, é mostrar ao público brasileiro que os conteúdos nacionais têm qualidade e podem gerar grande interesse”, afirma.
Ainda assim, há barreiras a superar. De acordo com Santuario, o preconceito contra o cinema nacional nasce sobretudo do desconhecimento: “quando um filme como Ainda Estou Aqui chega ao Oscar, parte do Brasil se mostra perplexa. Mas, para quem está no universo do audiovisual, isso não é surpreendente. A potência e a criatividade do nosso cinema estão aí há décadas”.
Conquistar o público, portanto, não é apenas questão de mercado, mas de formação cultural: transformar o cinema brasileiro em hábito, em reconhecimento cotidiano, e não apenas em surpresa quando ganha prêmios internacionais.
Visibilidade e papel dos festivais brasileiros: a estratégia de Gramado como vitrine essencial para o fortalecimento do cinema nacional

Diante desse cenário cultural,
os festivais de cinema tornam-se peças fundamentais para a sobrevivência e a consolidação do audiovisual brasileiro. São eles que
abrem espaço para produções nacionais, promovem o encontro entre público e realizadores e oferecem a visibilidade necessária para que filmes brasileiros circulem dentro e fora do país.
O Festival de Gramado cumpre esse papel há mais de cinco décadas. Na análise de Marcos Santuario, desde 2012, quando assumiu a curadoria ao lado de José Wilker e Rubens Ewald Filho, a missão tem sido clara: “pensamos o festival como um lugar para mostrar a força da produção nacional e produções que podem e devem ser vistas”.
Mais do que uma vitrine, festivais como Gramado funcionam como plataformas de legitimação. Eles ajudam a pautar narrativas, a reduzir preconceitos e a construir pontes para o reconhecimento internacional. Ao mesmo tempo, oferecem ao público brasileiro a chance de conhecer obras que dificilmente chegariam às salas comerciais.
Nas palavras de Santuario, essa função é decisiva: o festival não apenas celebra o cinema, mas também sustenta a ideia de que o Brasil possui uma produção rica, diversa e capaz de dialogar com o mundo.
De Berlim a Paris, Málaga e Cartagena: como o Festival de Gramado ampliou sua rede internacional
Se no passado a internacionalização foi a saída para garantir a sobrevivência do Festival, hoje ela é um caminho estratégico de crescimento. Sob o olhar de Marcos Santuario, essas conexões se tornaram cada vez mais sólidas e fundamentais para projetar o Festival de Gramado no circuito global.
Desde então, novas articulações surgiram e foram ampliando esse movimento. Em 2021, Santuario e a também curadora Soledad Villamil representaram Gramado na primeira edição do Iberseries Platino Indústria, em Madri, um dos principais encontros voltados ao audiovisual ibero-americano.
Em 2024, o Troféu Kikito de Cristal ampliou suas possibilidades: a honraria, que tradicionalmente celebrava grandes nomes do cinema ibero-americano, passou a ter status global.

A primeira homenageada dessa nova etapa foi Mariëtte Rissenbeek, diretora executiva do Festival Internacional de Cinema de Berlim entre 2019 e 2024. “Nós começamos isso com o Festival de Berlim, quando fomos como comitiva de Gramado para dar a conhecer o nosso festival e convidar a diretora artística a receber o Kikito de Cristal. Ali estabelecemos uma primeira ponte”, recorda o curador.
Mais recentemente, em maio deste ano, o Festival de Cinema de Gramado foi homenageado pelo 27º Festival de Cinema Brasileiro de Paris, consagrado como a principal vitrine do audiovisual nacional na Europa. Nesta edição, a grande homenageada foi a atriz e diretora Dira Paes, e Gramado ganhou espaço de destaque com a Mostra Gramado no tradicional cinema de rua L’Arlequin, no charmoso bairro de Saint-Germain-des-Près. “Em Paris, muita gente conhecia a Dira Paes, mas não o Festival. Esse tipo de ação nos coloca em uma vitrine importante, amplia o conhecimento sobre Gramado e abre caminhos para novas conexões”, observa o crítico.

A programação levou ao público parisiense cinco longas-metragens que marcaram a história recente do festival brasileiro: Oeste Outra Vez, de Erico Rassi, grande vencedor da 52ª edição em 2024; Pasárgada, dirigido por Dira Paes; Huni Kuï: o Povo Verdadeiro, de Tatiana Sager e Gabriel Sager Rodrigues; Anahy de las Misiones, de Sérgio Silva; e Ijó Dudu – Memórias da Dança Negra na Bahia, de José Carlos Arandiba “Zebrinha”.

Como desdobramento da temporada França-Brasil, o 53º Festival de Gramado contou ainda com um dia dedicado ao cinema francês em sua programação, reforçando os laços entre os dois eventos.
Outro passo importante ocorreu em 2025 com a parceria firmada com o Festival de Málaga. A partir desta edição, o Festival de Gramado tornou-se qualificador para o Ibershorts Award, promovido em colaboração com a Festhome. Com isso, os vencedores das categorias de Melhor Curta Nacional e Melhor Curta Gaúcho passam a concorrer em uma competição internacional, conectando produções locais a um público mais amplo e reforçando o protagonismo ibero-americano de Gramado.
Na mesma linha, os laços com o Festival Internacional de Cinema de Cartagena das Índias (FICCI), o mais antigo da América Latina, também se fortaleceram neste ano. A aproximação ocorreu em articulação com a Secretaria Estadual da Cultura do Rio Grande do Sul e contou com a presença da coordenadora institucional do festival colombiano, Gisela Pérez Fonseca, em debates realizados em Gramado. Nesse caso, a conexão ultrapassou o cinema, envolvendo também turismo e políticas culturais, em uma visão de audiovisual como vetor de soft power latino-americano.
Na avaliação do curador, essas ações representam um processo em movimento contínuo: “são conexões que vão se estabelecendo em um crescente, sempre com a ideia de ampliar esse universo e dar a conhecer o Festival de Cinema de Gramado e a cidade em que ele acontece”. Assim, mais do que receber filmes, Gramado se consolida como um ponto de encontro internacional, onde cultura, política e turismo se entrelaçam.
A imagem de Gramado como destino turístico e cultural impulsiona o prestígio do Festival de Cinema

Esse papel internacional do festival não se sustenta apenas no cinema, mas também na força simbólica da própria cidade. Reconhecida como o segundo destino turístico mais procurado do Brasil, atrás apenas do Rio de Janeiro, a cidade carrega a ideia de qualidade, hospitalidade e excelência. É justamente essa atmosfera que o Festival de Cinema de Gramado projeta quando se apresenta ao mundo.
Segundo o curador Marcos Santuario, cada participação internacional reforça esse vínculo: “cada vez que uma comitiva do festival chega a outro país, ela não leva só o Festival de Gramado, mas também a cidade de Gramado em sua essência, nas suas possibilidades e propostas”.
Essa associação entre turismo e audiovisual se tornou um ativo poderoso. Para Santuario, a percepção de Gramado como uma cidade desejada, organizada e receptiva fortalece a internacionalização do festival: “o Festival de Cinema de Gramado é uma forma importante de mostrar essa cara da cidade que é altamente turística, que é muito receptiva, que sabe receber e que cada vez mais atrai pessoas para vivenciar esses momentos de segurança e bem-estar”.
Ele ainda faz referência à fala do ator e também curador Caio Blat, que em conversa com o Blog Gramado Oficial descreveu a cidade como “um cenário de sonhos” e “um lugar especial”. Para Santuario, essa visão externa reforça a percepção de Gramado como símbolo de excelência, o que fortalece tanto o festival quanto a própria cidade em sua projeção internacional.
Esses resultados não se restringem ao campo do cinema. As conexões internacionais também impactam o turismo e a própria imagem do Brasil no exterior. “Quanto mais as pessoas souberem da existência dessa Gramado, a Europa no Brasil, menos precisarão pensar que o Brasil é só Rio de Janeiro”, resume Santuario.
Assim, Gramado se consolida não apenas como palco do mais longevo festival de cinema ininterrupto do Brasil, mas também como símbolo de excelência cultural e turística, capaz de dialogar com diferentes públicos e quebrar estereótipos sobre o Brasil no exterior.
Expectativas e perspectivas futuras: os próximos passos da internacionalização do Festival de Cinema de Gramado
O processo de internacionalização do Festival de Gramado não tem ponto final. Para o curador Marcos Santuario, trata-se de um movimento permanente, que cresce a cada edição e se fortalece nas parcerias já consolidadas. “Esse é um processo em contínuo crescimento. Ele não tem fim, ele é de continuidade”, afirma.
Santuario lembra que ainda em 2012, ao lado de José Wilker e Rubens Ewald Filho, já havia clareza de que seria fundamental estabelecer pontes com festivais internacionais. Treze anos depois, essas conexões estão não apenas mantidas, mas multiplicadas em diferentes frentes: Festival de Berlim, Festival Brasileiro em Paris, Festival Internacional de Cartagena e Festival Internacional de Málaga, entre outros.
O saldo, segundo Santuario, é positivo e visível. “Tem sido feito um trabalho profissional e muito elogiável. Podemos aplaudir essas decisões e ações que seguramente vão continuar sendo feitas e dar resultados muito práticos”, afirma.
Assim, as perspectivas futuras do Festival de Cinema de Gramado apontam para um caminho de crescimento contínuo, abertura de fronteiras e consolidação internacional, sem perder de vista sua vocação: ser uma vitrine da força e da diversidade do audiovisual brasileiro.
Internacionalização: a palavra-chave de 2025

Mais do que nunca, internacionalização é a palavra que define o Festival de Gramado em 2025. Ao mesmo tempo em que preserva sua tradição de valorizar o cinema brasileiro e gaúcho, amplia conexões globais, consolida parcerias e projeta Gramado como um dos polos mais relevantes do cinema na América Latina.